Pesquisas em andamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que um novo cenário de oferta limitada deve impulsionar o preço do leite captado em março e pago em abril. É o que informa o Boletim do Leite de Abril do Cepea, divulgado nesta terça-feira (20). Segundo a publicação, dois fatores têm influenciado a diminuição da produção: o avanço da entressafra e a elevação dos custos de produção.
“Nesse cenário de limitação de oferta, a competição das indústrias pela compra de matéria-prima deve se acirrar, levando, consequentemente, à retomada dos preços ao produtor. Contudo, esse movimento de valorização do leite no campo deverá acontecer de forma comedida, sendo possivelmente freado pela demanda fragilizada”, assinala o Cepea.
De janeiro a março, os preços do leite no campo registraram queda acumulada real de 10,7%. A desvalorização neste ano não esteve atrelado a uma situação de sobreoferta, mas ao enfraquecimento da procura por lácteos. E essa diminuição na demanda se deve à queda no poder de compra do brasileiro. Além disso, à elevação do desemprego, o fim do recebimento do auxílio emergencial também influenciaram.
Oferta limitada deve impulsionar cotações a partir de abril
No entanto, pesquisas mostram que um novo cenário de oferta limitada deve impulsionar o preço do leite captado em março e pago em abril. Tipicamente, a partir de março, há uma menor disponibilidade de pastagens. Isso prejudica a alimentação do rebanho e a produção de leite no Sudeste e Centro-Oeste.
Assim, o avanço da entressafra da produção leiteira é, sazonalmente. Um fator de desequilíbrio entre oferta e demanda e, portanto, de elevação de preços entre março e agosto.
Contudo, neste ano, essa situação deve ser agravada. Isso ocorrerá por conta da valorização considerável e contínua dos grãos. Pesquisas do Cepea mostram perda substancial na margem do produtor. Com o custo alto, o manejo alimentar dos animais tem sido prejudicado e o abate de vacas estava crescente. Consequentemente, a oferta de leite no campo deve seguir limitada nos próximos meses.
A pesquisa do Cepea realizada com apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostrou ainda que, em março, as indústrias de laticínios tiveram dificuldades em manter preços atrativos aos seus fornecedores e, ao mesmo tempo, em repassar a elevação do custo da matéria-prima aos derivados. Apesar de haver, portanto, uma tendência de retomada dos preços dos derivados negociados entre indústrias e canais de distribuição, esta ocorre de forma controlada, ainda pressionando as margens da indústria.
Fonte: Agro em dia
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